sábado, 16 de julho de 2011

Meu guardatório

Adorei esta palavra: guardatório. Vou logo dizendo que não é minha; roubei da Anne, minha filha de 5. Ela tem uma caixa de óculos que denominou de "meu guardatório" e põe ali os achados que supõe um dia precisar - coisas tão valiosas quanto uma rolha de vinho que ela catou no restaurante, uma presilha de cabelo descascada, um bonequinho que encontrou na brincadeira de caça ao tesouro no pátio de areia do colégio. O guardatório é quase um cofre de coisas perdidas e recuperadas.Não é só a Anne que tem um guardatório - eu também tenho! Só que meus guardados são palavras que eu guardo para não esquecer. Tenho memória fraca, confesso. O que ouço, e muitas vezes o que digo, pode voar com facilidade para fora de mim e eu nunca mais encontro nem o que ouvi nem o que eu disse. Por isso, tenho gostado tanto do facebook e agora deste meu Teapot; eis aqui meu guardatório que vos apresento e compartilho.Guardo meus pedaços de rotina, os casos, as possibilidades de histórias, meus engasgos, como já disse, e quem sabe até alguns segredos. Partilhar palavras é uma forma de guardá-las; no ouvido do outro, na emoção do amigo, fica ali o que se escreveu e o que se disse. Se eu esqueço, quem sabe alguém um dia vai lembrar? E se eu mesma esquecer, volto aqui e releio tudo.Meu guardatório é meu Teapot. Alguém está servido?

Um comentário:

  1. Talvez eu me lembre de 10% do que falo... Perigoso isso!

    É certo que numa conversa eu vou dizer algumas coisas razoáveis - dentre as muitas bobagens. Mas, se quiser revisitar meus pensamentos, grave as palavras. Escreva-as. Tenha boa memória. Não me lembrarei.

    Muitos dos meus comentários em blogs de amigos vão para arquivos de texto pra me lembrar o que escrevi.

    Explico: dependo muito do momento, do contexto, minha cabeça funciona como um repositório de palavras soltas que apenas se unem para formar uma ideia quando um "imã" muito específico atrai palavras muito específicas.

    Depois elas se desorganizam novamente... É fato.
    Tantas vezes reli comentários meus em blogs ou sites para os quais lancei um olhar de estranheza: eu escrevi assim? Geralmente só há o sobressalto se ficou bom...

    Por isso, em matéria de escrita, vivo armazenando tudo em notas no aplicativo do celular ou mesmo em mensagens de voz - quando possível e não houver a possibilidade de ser visto e mal-interpretado.

    Senão as ideias fogem, desaparecem, elas que já se apresentam como coriscos no arrebol dos meus pensamentos.

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