quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Não grita com Anita (to be continued...)

Era assim: de quando em quando, Anita acordava estranha: os olhos iam parar perto da orelha, a orelha a gente só encontrava perto da nuca, e a boca descia para o queixo - quase um monstro ela ficava. Anita era vaidosa à beça e gostava de espelhos. Nenhum deles, porém, era capaz de corrigir o reflexo daquela repentina transformação.

Um mistério morava naquela casa. E todos perguntavam: o que acontecia dentro de Anita - ou fora dela - para de uma hora para outra ela acordar como se estivesse do avesso?

Era um disse-me-disse daqueles. Olhares se esbugalhavam, e algumas pessoas, principalmente crianças, quase tropeçavam e caíam na rua quando Anita passava do avesso – não viam o chão, só ficavam olhando para a cara da menina.

Alguém há de perguntar: e os pais de Anita, onde estavam que não procuravam um médico para resolver o tão misterioso problema do avesso da menina? Vamos com calma. Mistérios não se resolvem do dia para a noite. De qualquer forma, era do dia para a noite que tudo se transformava.


Alguém também há de querer saber: e Anita, quando se olhava no espelho e via seu próprio horror, o que dizia, o que pensava e, principalmente, o que sentia?

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