domingo, 24 de julho de 2011

Medo do escuro

Até eu, que hoje me acho tão grande e forte, não escapei. Tinha medo de quando a luz do quarto era desligada e abruptamente todos os adultos da casa (só eram dois, meu pai e minha mãe) sumiam na escuridão. Meu irmão ainda não existia, e eu não tinha com quem dividir aquele medo enorme. Antes de gritar para que o primeiro adulto viesse ao meu socorro, eu me atemorizava com os bonecos do quarto que se agigantavam diante de mim.Como a gente esquece facilmente os medos de criança. Quantas vezes sou incapaz de compreender o medo da minha filha. No fundo eu acho que ela precisa ser mais forte e destemida do que eu fui. E até do que eu sou. Ohando assim para trás, vejo que tenho sido quase nada tolerante com os medos que já venci, mas que outros ainda não venceram.Venci? Será mesmo? Não sei. Eu não seria capaz de domir sem medo em um lugar escuro sem nenhum rosto amigo por perto. Deixa eu explicar melhor: estou tão acostumada a ter minhas filhas ao meu redor, cuidando do medo delas, que não tenho prestado muita atenção no que me daria medo hoje, isto é, se eu ainda teria medo do escuro em condições pouco simpáticas - uma fazenda no meio do nada, por exemplo.Ah, mas é tão pouco provável flagrar esta que vos escreve em uma fazenda e, além do mais, em uma fazenda no meio do nada... melhor pensar em outro cenário. Talvez eu esteja precisando fazer um inventário dos meus medos de agora e checar até que ponto sou grande e forte como penso. Que nada. A filha que tem medo do escuro, de apenas 5 anos, só não embarca em uma montanha-russa porque a mãe, no caso eu, medrosa, não permite.Sim, meu guardatório de confissões: nunca andei de montanha-russa de verdade, a não ser aquelas bem pequenas. Não tenho medo. Tenho pavor.

Um comentário:

  1. Medos!
    Assunto que todos ocultam.
    Ninguém quer demonstrar que tem medo.
    Homens, então, esses são todos super-heróis o tempo todo.

    Mas, sobre essa história de uma casa numa fazenda no meio do nada. Nem precisa tanto. Qualquer casa em lugar ermo, como as que costumam ser usadas em filmes (mormente os americanos), em estradas afastadas... Passam tanto a ideia de uma fragilidade. Muitas portas, janelas, tantas entradas para se preocupar... Eu não moraria num lugar assim... Não mesmo!

    ResponderExcluir